
História em Movimento
O psicodrama nasceu de uma preocupação social e política de Jacob L. Moreno (criador do psicodrama) de desenvolver um método de ação voltado
para a transformação da realidade, através do desenvolvimento do potencial humano espontâneo e criativo.
A história em Movimento é uma atividade vivencial que se apoia na teoria psicodramática com a utilização de suas técnicas durante a narrativa.
É uma metodologia co-participativa onde a história que está sendo contada, pode ter vários desdobramentos e finais. Nela ocorrem cortes conduzidos pelo terapeuta com objetivo de abrir um leque de possibilidades de mudança. Através da pergunta lançada ao grupo: “Quem quer fazer diferente?” o terapeuta oferece a proposta de transformar dando voz àquele indivíduo.
Podendo ser realizada em instituições, empresas, grupos psicoterapêuticos, a História em Movimento pode possibilitar insights, reflexões profundas, ação e atitude frente aos conflitos e o sentimento de pertencimento, pois tudo tem movimento no grupo e pelo grupo.
O eixo principal dessa metodologia é que possibilita ao grupo a reflexão, e com isso, percebe que conta com recursos principalmente internos, e que sempre há chance de mudança de atitude, com flexibilidade e movimento.
O fato de atuar, fazer diferente, falar e mostrar para o grupo traz o indivíduo para ação, ser protagonista da sua história: o empoderamento elevando a autoestima.
Uma história nem tão inventada assim
O NOME DELE É VÍTOR. SUA INFÂNCIA NÃO FOI DIFERENTE DE MUITOS MENINOS QUE ANDAM POR AÍ. O PAI ESTAVA DESEMPREGADO A TEMPOS, BEBIA E BATIA NA MAE. ERA O CAÇULA DE 4 IRMÃOS. OS PAIS SE SEPARARAM QUANDO VITOR TINHA 5 ANOS. ELE ATÉ HOJE SE LEMBRA DAS BRIGAS. NO INÍCIO, A MÃE PEDIA AJUDA:
1º CORTE
MÃE
-PEDRO, NÃO É PORQUE A GENTE SE SEPAROU QUE VOCÊ NÃO PRECISA CUIDAR DOS SEUS FILHOS. ELES PRECISAM DE VOCÊ, EU NÃO DOU CONTA SOZINHA. OS MENINOS ESTÃO IMPOSSÍVEIS. O MENORZINHO, O VITOR, É MUITO PEQUENO, VIVE PERGUNTANDO POR VOCÊ. VIVO ME ATRASANDO NO TRABALHO. O QUE EU FAÇO? PRECISO DA TUA AJUDA, NÃO ACHEI CRECHE, O VITOR TÁ FICANDO COM A VIZINHA...
PAI
-NÃO POSSO FAZER NADA. JÁ TE DOU 100 REAIS, É O QUE POSSO, COM OS BICOS QUE TO FAZENDO. TE VIRA, E NÃO ME PROCURE COM ESSA LADAINHA, JÁ TENHO OUTRA MULHER GRÁVIDA PARA SUSTENTAR. QUANDO EU TAVA JUNTO, NÃO ME DEU VALOR...
O final? Deixem que eu conto... (continua)

Compartilhando:
O Vitor foi criado através da minha vivência trabalhando na Ong Quintal da Casa de Ana. Essa história foi contada e atuada muitas vezes, pela equipe maravilhosa, que trabalhando no Projeto Um Lar Para todos , percorria as escolas de Niterói, as Instituições, os abrigos e até mesmo a Vara da Infância. Quantos Vitors silenciosos conhecemos... quantos pais, professores, Conselheiros Tutelares impotentes convivemos durante esse tempo?
Uma história, nunca é só uma história, ela nasce através de uma necessidade que grita para sair dali, através da cabeça, mãos e coração de quem escreve, mas guiada pelo silêncio, laços e emoções compartilhados ao longo de gerações e gerações...
Transformação Possível
Era uma vez uma casa que se encontrava doente. As paredes estavam sem tinta nem reboco, o portão e cerca caídos, o mato tomava conta do jardim. Quem passava por ela, pensava: que casa triste...
Nela moravam 3 pessoas: mãe, pai e um filho adolescente. A mãe não trabalhava fora, tentava cuidar da casa e da família, mas estava fraca porque um dia, as drogas entraram pela porta da frente desta casa, e não havia jeito de saírem.
Havia uma sala onde na hora das refeições era mais ou menos assim:
1º corte:
Mãe: (falando nervosa e agitada)
-Vc tá ouvindo o que eu to dizendo???Parece que eu falo com as paredes...
Pai: (olhando p o vazio)
-Que exagero... Para de reclamar um pouco, me deixa sozinho...Na hora que eu quiser, eu paro.
Filho: (cabisbaixo, comendo)
Silêncio...

Compartilhando: Esta história foi criada a partir do tema: “A dor e a impotência na família do drogadicto” que foi trabalhado em grupo multifamiliar no âmbito empresarial. A ideia de escrever sobre uma casa que adoecia partiu da concepção que a droga não está só dentro de alguém ela também faz parte de um sistema em conflito, possuindo uma força destruidora dentro de um lar.
A história de Ícaro

Feche os olhos por um minuto. Respire e imagine o vazio, o vácuo, o nada, a ausência, o silêncio, a solidão.
É sobre isso que trata essa história.
Há algumas décadas atrás, nascia um menino. Embora não planejado foi bem aceito, seu nome: Ícaro.
A mãe, nos primeiros meses, com a licença maternidade, tentava da melhor maneira cuidar de Ícaro sozinha. O que lhe causava vários sentimentos desconhecidos, pois este era seu primeiro filho. O pai, sempre trabalhando, e quando estava em casa, vivia cansado e ausente.
1º corte:
Mãe :embalando o filho, amamentando e cantando p ele.
Pai: em silêncio ,observando a cena
Ícaro crescia proporcionalmente às brigas de sua mãe e seu pai. Até que ficou insuportável a convivência do casal, e eles se separaram. Ícaro estava na 3ª série. Nos primeiros meses, o pai visitava o filho nos finais de semana, depois de 1 ano, quinzenalmente. No segundo ano o pai constitui nova família. Só visitava Ícaro em datas: aniversário, Natal, Páscoa...(continua)
Compartilhando: A partir do tema solicitado pela empresa : Tema- “Como estabelecer limites na criação dos filhos quando a figura paterna (de autoridade) é ausente” foi criada a história de Ícaro. A metáfora usada das “asas fracas para conseguir voar” encaixa perfeitamente como um fio para a narrativa. A utilização das cenas da história familiar: a primeira do pai ausente só observando Ícaro-bebe no colo da mãe e a última do Ícaro- homem observando o filho no colo da esposa procura levar o grupo a refletir sobre a tendência a repetição de situações dolorosas